Opinião: Por Lucio Silva

Do alto da colina da emancipação política, Primeira Cruz observa suas próprias lutas e vitórias, como os versos de João do Vale que celebram os vitoriosos enfrentando desafios. Mas, muitas vezes, as vitórias são ensombradas por divisões que ecoam os poemas de Nauro Machado, que retratam os amores partidos e as almas divididas.

O curioso é que Primeira Cruz abriga pessoas que compartilham as mesmas origens humildes, as mesmas esperanças e sonhos. No entanto, em vez de unirem forças em prol do desenvolvimento da cidade, algumas delas escolhem se afastar, como se suas histórias não fossem capazes de formar um poema coletivo que elevaria todos.

É como se as palavras de José Chagas em "Os Habitantes" ressoassem nesta cidade, onde o patrulhamento político se tornou um hábito nocivo. As picuinhas e rivalidades tomam o lugar das alianças e colaborações que poderiam impulsionar Primeira Cruz.

É importante lembrar que a política, como a poesia, pode ser um meio de expressão. Pode elevar a cidade e suas pessoas, criar uma sinfonia de ideias e ações que transformam a realidade. No entanto, quando a política se torna um jogo mesquinho de interesses pessoais, a cidade sofre.

Primeira Cruz não precisa do patrulhamento político que, em vez de somar, subtrai. O amor à pátria deve ser a bússola que guia as ações, a inspiração que une as pessoas e a melodia que enche o ar com esperança.